sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Suco Verde


     Suco Verde

                                                                                                                                                                                                                                   Michio Kushi

Esta bebida especial foi originariamente concebida para tratar as desordens do fígado, sobretudo as doenças yang resultantes do consumo excessivo de ovos. Ela ajuda a dissolver proteínas densas e estagnadas, gordura animal e depósitos de colesterol.

Para obter a energia neutralizadora, ascendente e leve das folhas verdes, é mais fácil, para a maioria das pessoas, adquirir em entrepostos naturais o produto chamado Green Magma, elaborado com brotos de cevada, ou mesmo outros produtos. Porém, essas mercadorias não são tão eficazes e econômicas quanto a bebida que ora apresento.

O suco verde pode ser consumido diariamente.

1-    Corte em tiras bem finas duas ou três espécies de vegetais com folhas verdes frondosas (couve-chinesa, folhas de daikon, dente-de-leão, couve).

2-    Adicione o dobro de água fria.

3-    Leve à fervura e deixe cozinhar em fogo brando por 3 ou 5 minutos.

4-    Retire com uma peneira os vegetais.

5-    Adicione uma pitada de sal marinho ou algumas gotas de shoyu ao final da fervura e misture bem.

6-    Beba quente ou na temperatura ambiente.

Pode-se reutilizar ou não as folhas verdes.

Práticas (para além da alimentação) que fortalecem o sistema imunológico


Práticas (para além da alimentação) que fortalecem o sistema imunológico
Bob Ligon


A
 dieta é necessária, mas não suficiente para fortalecer o sistema imunológico. Descanso e sono reparador são também muito importantes. No meu dia a dia de terapeuta, constato que atualmente sono e descanso suficientes não são a regra geral. Todos estão abarrotados de tarefas. Hoje, as pessoas encontram-se cronicamente cansadas, exaustas, esgotadas, tudo contribuindo para minar a imunidade. Quando não descansamos adequadamente, nossas reservas de energia são requisitadas para darmos prosseguimento aos compromissos. E diminuição das reservas de energia significa enfraquecimento do sistema imunológico.
Com o propósito de estimular a circulação da energia e do sangue - e por consequência o fortalecimento do sistema imunológico -, a prática de exercícios moderados é muito bem-vinda. Uma combinação de exercícios aeróbicos leves, como a marcha rápida, e exercícios de alongamento e torções, como Yoga, Qi Gong ou Tai Chi, aumentará o poder imunológico. Escovar a pele ou esfregá-la com uma toalha previamente embebida numa mistura de água e sumo de gengibre ralado também estimulará a circulação do sangue e da energia.

Limpe duas vezes por dia as narinas com água salgada com a ajuda do Neti Pot (espécie de regador pequeno muito usado pelos praticantes de yoga para lavar o nariz). Isso manterá os seios nasais livres de poeira e outras partículas, sendo uma prática especialmente indicada durante as gripes e os resfriados.
A moderação na atividade sexual prevenirá o enfraquecimento do sistema imunológico. Ejaculações frequentes, no caso do homem, e gravidezes muito próximas uma da outra, no caso da mulher, são encaradas pela Medicina Chinesa como exemplos de uso excessivo da energia sexual. O nível de esgotamento e frequência dessas funções sexuais varia, evidentemente, de indivíduo para indivíduo.
Finalmente, concluo com algumas sugestões para o fortalecimento dos rins. Herman Aihara ressaltava com frequência a importância de manter os rins saudáveis. Na Medicina Chinesa, são os rins considerados a bateria ou a estação de energia que alimenta o corpo todo. Anos de experiência convenceram-me da importância de salvaguardar a vitalidade dos rins. São eles que determinam a saúde do sistema imunológico em particular e a saúde do organismo em geral.
FORTALECENDO OS RINS
·        Controle a ingestão de sal
                        A necessidade de sal varia de indivíduo para indivíduo
                        Um dos objetivos do uso do sal é realçar o sabor natural dos alimentos. Quando o prato apresenta sabor salgado é porque, em geral, abusou-se do sal. Por outro lado, quando o prato está sem sabor, é porque, em geral, lhe foi acrescentado pouco sal
                        O sal deve ser usado no cozimento, e não à mesa
·        Evite alimentos desidratados, crocantes e salgados – chips, crackers, pipocas – e pão em excesso (Lembre-se: o estômago precisa transformar todo alimento numa sopa homogênea.)
·        Caminhe – especialmente ao ar livre e ladeira acima. Caminhe descalço sobre a grama úmida do orvalho da manhã
·        Respire ar puro
·        Faça alguma atividade a ponto de transpirar – jardinagem, limpeza da casa, trabalhos manuais, exercícios aeróbicos ou sauna
·        Pratique exercícios de fortalecimento e flexibilidade – Pilates, Yoga, Tai chi, Qi Gong
·        Massageie-se – esfregue Tiger Balm no ponto de acupuntura R1, localizado bem na junção das duas dobras da parte superior da planta do pé. Se dobrarmos o pé para dentro, será mais fácil encontrá-lo
·        Tire uma soneca no final da tarde
·        Evite cafeína e açúcar
·        Aplique compressa de gengibre (ou bolsa de água quente) sobre a região lombar ao final da tarde ou à noite. Antes de dormir é uma boa ideia.


 

sábado, 1 de outubro de 2016

A lição mais importante de Ohsawa


A lição mais importante de Ohsawa
 Herman Aihara
 


N

asci no Japão meridional. Aos nove anos mandaram-me a Tóquio para viver com meu tio e sua esposa. Como não tinham filhos, concordaram em adotar-me. Meus pais, que eram pobres de recursos, eram ricos de rebentos; e, em determinada altura da vida, tornou-se-lhes impossível sustentar a dezena de bocas que puseram no mundo.

A zona rural onde nasci era a própria imagem da tranquilidade – muito yin. Cresci sob a influência dessa atmosfera serena. Mas Tóquio era um centro industrial. Bem próxima à casa de meus pais adotivos havia uma fábrica, ou seja, havia agitação e barulho. E minha mãe adotiva ainda insistia em que eu ingerisse peixe nas duas refeições diárias. Fui tornando-me cada vez mais yang. Herdei uma constituição yin, mas adquiri uma condição yang. Esses dois extremos digladiavam dentro de mim. Eu não conseguia decidir que curso tomar. Se um dia acordava ledo, no outro despertava macambúzio. Por longo tempo sofri dessa esquizofrenia resultante da radical mudança em minha alimentação e circunvizinhança.

Quando terminei o colégio, as garotas tornaram-se uma obsessão. Passei a frequentar prostíbulos e salões de dança. Quando as tropas norte-americanas desembarcaram no Japão, o primeiro sinal de ocidentalização foi o surgimento dos salões de dança para o entretenimento de oficiais e praças. Febrilmente buscava eu esses salões. Embora eu ignorasse, tal conduta não era senão o resultado da mudança de minha condição. Internamente, eu interessava-me pelas coisas do espírito; externamente, eu só pensava no belo sexo.

Preocupado, meu tio decidiu casar-me. Escolheu ele uma garota e eu prontamente aceitei. Mas a partir daí os problemas começaram: é que, recém-casados, fomos morar com meus pais adotivos, e minha mulher e minha tia revelaram-se almas completamente incompatíveis. Minha esposa não era absolutamente feliz. Mas eu ignorava o quanto ela sofria, pois nada dizia para mim. Um dia ela deixou a residência de meus pais adotivos e tomou uma dose excessiva de comprimidos para dormir com o propósito de cometer suicídio. Foi encontrada morta poucos meses depois. A tragédia tocou-me fundo, e eu praticamente enlouqueci. A única coisa que me passou pela cabeça foi transferir-me para escola de Ohsawa. Eu tinha de encontrar uma forma de permanecer vivo.

Naquela época, a escola de Ohsawa contava com cerca de trinta estudantes. Aos estudantes cabia a execução de várias tarefas, desde a publicação e venda da revista O Governo Mundial, até a limpeza do prédio. Eu, porém, não conseguia fazer nada. Só tinha forças para comer, dormir e ouvir as preleções de Ohsawa. Eu era o mais vagabundo dos alunos. Mas agarrei-me às palestras de Ohsawa como um náufrago aos pedaços do barco destruído pela fúria do mar. Compreender a mensagem do Sensei era, para mim, questão de vida ou morte. Durante um mês eu escutei e escutei e escutei as palavras de Ohsawa. Durante um mês...

Mas passados os trinta dias, tudo compreendi de um salto: compreendi que não sou apenas este Eu Individual, mas parte do Eu Universal. Cada célula contém uma membrana que a separa das demais; mas, ainda assim, faz ela parte da comunidade de células que forma o nosso corpo. Nosso corpo, por sua vez, é separado do ambiente por uma membrana chamada pele, a qual, no entanto, não nos impede de pertencer à comunidade humana que habita o planeta Terra. E a Terra, isolada dos outros planetas pela camada atmosférica, uma espécie de membrana, não deixa de integrar a comunidade de planetas que constitui o Universo. Células, seres humanos, planetas, todos encontram limites num tipo de membrana; mas, em essência, não formam senão uma COMUM-UNIDADE.

Em sua escola, Ohsawa não ensinava como fazer cataplasma de inhame ou compressa de gengibre; não ensinava como selecionar os alimentos; não ensinava como cozinhar (algumas vezes, a comida era horrível). No Japão, eu nunca aprendi nada sobre yin e yang.

Mas eu aprendi uma coisa com Ohsawa: que o Eu Universal é o Eu Verdadeiro.

A Prova do Amor


A Prova do Amor

Bob Carr
 

Em agosto de 1987, numa tarde ensolarada, dirigi a Herman Aihara a seguinte pergunta: se um dos cônjuges começa a praticar macrobiótica e o outro se nega a fazê-lo, que conselho prático o senhor lhes daria? Abaixo, leitor, a resposta de Aihara.

Se alguém diz que não pretende mudar, a situação então é realmente difícil.

Se a mulher deseja mudar e o marido se mostra inflexível, ela pode influenciá-lo aos poucos, oferecendo-lhe alimento ou cozinhando. Se ele come arroz branco, ela pode introduzir numa das refeições o arroz integral. É melhor mudar um tipo de alimento por vez. Mudar tudo subitamente é uma experiência dramática. É mais interessante ir eliminando gradativamente os alimentos industrializados. Em vez de comprar em supermercados, comece a frequentar feiras orgânicas. Inclua mais alimentos integrais. Aos poucos, o discernimento progride, e a vontade de comer besteira diminui.

No entanto, se é a mulher que não quer saber de mudança, aí a coisa complica. Ohsawa, por exemplo, não alimentava esperanças: “Neste caso, é melhor desistir e pedir o divórcio.”

A única solução que vejo é o homem tratar de ficar doente o mais rápido possível. Se a mulher o ama de verdade, ela acabará mudando. Se não o ama, será a oportunidade de livrarem-se um do outro.

Não pense duas vezes: trate de ficar doente o mais rápido possível.