quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O Medo é filho da Ignorância

O Medo é filho da Ignorância
Tomio Kikuchi




O
 problema não é a doença, pois esta é a manifestação da falta de autocontrole e o resultado da ausência de consciência de si próprio. A falta de autoconscientização leva à perda do autoconhecimento, da autodefesa, da autorrealização. E a ignorância de si próprio gera vários medos ilusórios. A ignorância sobre a realidade sempre cria o medo.

O efeito degenerativo do medo pode ser elucidado com base na experiência de um amigo meu que mora perto de Cuiabá. Uma das divisas da fazenda desse meu amigo acompanha o rio Paraguai, margeando-o uns 3 a 4 km. Quando começa o tempo da pesca, muitos amigos o visitam em sua fazenda. Certa vez, foram visitá-lo cinco pessoas amigas que moravam em um grande centro urbano, pessoas civilizadas, que, por essa razão, ignoravam aquele ambiente. Ele levou essas cinco pessoas civilizadas em seu barco a motor para mostrar-lhes os vários aspectos do rio. Nessa ocasião, fez uma experiência muito interessante e sugestiva.

A certa altura do passeio, esse meu amigo, repentina e propositadamente, virou o barco no meio da correnteza do rio. Quando foram lançadas ao rio, as cinco pessoas civilizadas desapareceram momentaneamente dentro da água para logo depois aparecerem se debatendo em desespero. Em seguida, começaram a se afogar com seus corpos rígidos, endurecidos, com medo e gritando.

Nesse exato momento, meu amigo ficou em pé no meio do rio e gritou: “O rio não é profundo, o nível da água está abaixo do queixo do menor de vocês!”

A experiência desse meu amigo pode nos ensinar muitas coisas, pois o procedimento e a atitude para enfrentar qualquer tipo de doença ou dificuldade têm uma tendência idêntica. É a mesma coisa. Quem ignora a sua própria capacidade adoece facilmente; procede com uma ação precipitada e gera uma reação descontrolada, tomando muitos remédios e criando um sofrimento desnecessário, assim como uma pessoa ignorante que se afoga bebendo água desnecessariamente e vivendo um sofrimento absurdo num rio raso. Os doentes precipitados, sem confiança própria, tomam tantos remédios desnecessariamente que parecem uma pessoa afogada, descontrolada, sem autoconfiança, bebendo muita água também desnecessariamente. É a mesma coisa. O doente vive num estado de afogamento. Se ele enxergasse a realidade não precisaria precipitar-se. Mas, como ignora a sua própria capacidade, se precipita e “bebe água” desnecessariamente. O doente é vítima do medo que advém da ignorância de si próprio e da realidade.


Quando a Medicina Natural é mal empregada

Quando a Medicina Natural é mal empregada




De regresso da sua campanha contra Jerusalém, o imperador romano Tito foi vítima de uma febre cruel. Seu irmão Domiciano, vendo que Tito se consumia pela febre, deu-lhe um banho de imersão em água gelada, do qual o imperador saiu cadáver.

Apesar de a febre ser um “incêndio” que só pode ser combatido com água fria, esta fracassa se não se souber empregá-la de forma oportuna e adequada.

Diz a história que a febre de Tito se manifestava por 135 pulsações por minuto. A imersão do corpo em água gelada desalojou violentamente o sangue da sua pele, produzindo uma “chicotada” no coração, o qual não pôde resistir, paralisando violentamente as suas atividades, causa da morte.


Se em lugar do banho frio de imersão se tivesse dado ao doente fricções de água fria a cada hora, ter-se-ia transferido à superfície do corpo a febre destrutiva das suas vísceras, e salvo ele sairia.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Michio Kushi, Defensor dos Alimentos Naturais, morre aos 88 anos


Michio Kushi, Defensor dos Alimentos Naturais, morre aos 88 anos


Michio Kushi, um estudioso japonês que popularizou a dieta macrobiótica nos Estados Unidos e ajudou a conscientizar os americanos das relações entre alimentação e saúde, morreu em 28 de dezembro em Boston.  Tinha 88 anos.
“Michio morreu em decorrência de um câncer de pâncreas”, disse Alex Jack, diretor do  Kushi Institute, um centro educacional macrobiótico com 243 hectares fundado por Michio e sua esposa, Aveline, em Becket, Massachusetts, em 1978.
"Ele estava na vanguarda do movimento em defesa dos alimentos naturais", disse Jack. "Ele foi o pivô da mudança de uma dieta baseada em animais para uma dieta baseada em vegetais. Embora isso soe muito comum hoje em dia, era uma heresia quando ele começou a ensinar."
Michio Kushi e sua esposa difundiram amplamente a sua mensagem de uma dieta como caminho para a saúde e a paz por meio de palestras, seminários e dezenas de livros.
No início dos anos 60, eles fundaram a marca de produtos naturais Erewhon e uma loja com o mesmo nome. No local, encontravam-se à venda arroz integral, missô, tofu, tamari e outros alimentos básicos da dieta macrobiótica. No início da década de 70, eles e seus alunos criaram o East-West Journal e a East-West Foundation, com o objetivo de desenvolver a pesquisa macrobiótica e o intercâmbio cultural.
Em seus primeiros anos, Michio Kushi, que estudou Ciência Política e Direito da Universidade de Tóquio, estava mais interessado no pacifismo do que em dieta. Em 1949, com o apoio de Norman Cousins ​​, um defensor da paz mundial e editor da Saturday Review, Michio Kushi foi para os Estados Unidos a fim de continuar seus estudos em Ciência Política na Universidade de Columbia. “Seu Inglês era muito limitado, o que o impediu de assistir às aulas”, revela-nos Alex Jack. “Então, ele passou seus primeiros anos em Nova York, estudando em bibliotecas textos utópicos, inclusive o romance de Samuel Butler Erewhon, título que mais tarde usou para nomear sua empresa.”
Ele também desempenhou várias atividades, trabalhando como carregador de malas em hotéis, tradutor e importador de artesanato japonês. E no final dos anos 50, quando a Takashimaya, uma loja de departamentos japonesa, abriu uma filial na Quinta Avenida, Michio Kushi foi seu vice-presidente da operação.
Enquanto isso, apesar de toda a leitura, Michio Kushi perdia a fé na política como o melhor caminho para a paz mundial. No Japão, ele havia estudado brevemente com George Ohsawa, que ensinou que a comida era a chave para a saúde e esta a chave para a paz.
"Levou um tempo até que Michio percebesse a importância do alimento”, disse Jack. "No começo, ele pensou que se tratava de um bando de fanáticos."
Mas, quando Aveline, uma aluna de Ohsawa, chegou aos Estados Unidos, eles começaram a ensinar macrobiótica, uma dieta baseada em cereais integrais e vegetais locais.
Na década de 1960, a família se mudou para Massachusetts, estabelecendo-se em Brookline. Michio Kushi ensinou shiatsu, deu aulas sobre macrobiótica e consultas individuais; Aveline ensinou aikido e culinária macrobiótica para os seus alunos.
Como o movimento em prol dos alimentos naturais ganhou força, as pessoas começaram a procurar os Kushi.
"Veio gente de todo o país, de todo o mundo para morar e estudar culinária, aprender os princípios do yin e yang e a ideia de equilíbrio", disse Kezia Snyder, um nova-iorquino e estudante de Michio Kushi desde os anos 1960. "É tão poderoso aprender que a comida tem muito que ver com o nosso funcionamento no mundo a cada dia."
Muitos dos visitantes acabaram ficando com a família Kushi.
"Na década de 1970, minha irmã tentou fazer uma lista de todo mundo que viveu conosco por pelo menos um mês; ela chegou à conclusão de que foram centenas", disse Haruo, filho de Michio Kushi.
Inicialmente era muito difícil encontrar os ingredientes para uma dieta macrobiótica. A Erewhon começou como um pequeno clube de compras que operava no porão da casa dos Kushi. Mas na década de 1970 a Erewhon cresceu, estabelecendo entrepostos em Boston e Los Angeles. Como a expansão foi desmedida, a empresa entrou em bancarrota em 1981 e foi vendida logo depois.
Michio Kushi e sua esposa também abriram dois restaurantes macrobióticos em Boston: o Sanae e o Seventh Inn.
Seus livros incluem The Cancer Prevention Diet, The Book of Macrobiotics e The Macrobiotic Path to Total Health, todos escritos com Alex Jack.
O Kushi Institute também esteve envolvido na pesquisa sobre os efeitos da dieta macrobiótica sobre o colesterol, a pressão arterial e, mais recentemente, o câncer. No verão passado, o instituto realizou um seminário sobre o câncer de mama; e agora, de acordo com Alex Jack, está à espera de financiamento para um estudo duplo-cego focado nos efeitos da dieta macrobiótica sobre o câncer de mama em seu quarto estágio.
Haruo Kushi, que é epidemiologista, disse que, tendo se tornado a macrobiótica uma forma de prevenir o câncer, foi ele muitas vezes interrogado por que sua irmã, sua mãe e agora seu pai morreram de câncer.
"Eu realmente desenvolvi pesquisas sobre o câncer, e é claro que muitas coisas diferentes contribuem para o surgimento da doença. Ainda há muita coisa que não entendemos", disse ele. "Mas, enfim, todo mundo morre de alguma coisa, e nós sabemos, ao menos, que a macrobiótica reduz drasticamente os problemas cardiovasculares.”
Aveline Kushi morreu em 2001, e sua filha, Lily, em 1995. Michio Kushi deixou sua segunda esposa, Midori; quatro filhos, Norio, Haruo, Phiya e Hisao; um irmão, Masao; 14 netos; e dois bisnetos.
*Matéria publicada no The New York Times em 4 de janeiro de 2015.