quinta-feira, 26 de maio de 2011

Tão forte, tão fraco

Metamorfose 11
Publicação do Restaurante Metamorfose Alimentação Recondicionadora Autêntica
Rua Santa Luzia 405/207, Castelo, Rio de Janeiro. Tels.: 2262-6306 e 2532-0084
Edição, redação, revisão e tradução: Laercio de Vita

Tão forte, tão fraco
                                                                                                         Noboru Muramoto





N
ossa imagem de um corpo forte inclui quase sempre músculos desenvolvidos convenientes ao combate ou ao trabalho físico árduo. Antes de nossos ancestrais fabricarem armas, indivíduos com essa estrutura podiam enfrentar e mesmo vencer grandes predadores, como leões e lobos. Eles tornaram-se líderes entre seus pares, uma vez que esse tipo de enfrentamento significava, à época, a própria sobrevivência. Com a ingestão considerável de carne e o treinamento pesado, foram eles também capazes de dominar outros homens. Muitos desejavam estar nesta posição e possuir este tipo de corpo. Mais tarde, quando a população se multiplicou, os fisicamente fortes manipularam pessoas e armas, e transformaram-se em príncipes e reis. Todavia, esses grandes personagens foram invariavelmente derrotados pela doença.
Um dos homens mais ilustres do Ocidente foi Alexandre, o Grande, que morreu em decorrência de uma infecção aos trinta e três anos de idade. Na China, o primeiro grande imperador, Shih Huang Ti, que mandou erguer a Grande Muralha e cujo harém chegou a abrigar três mil amantes, morreu também de infecção aguda, aos quarenta e oito anos. Em tempos mais recentes os registros são mais completos. Henrique VIII (1491-1547) era corpulento, excelente atleta e infatigável dançarino e caçador. Feito rei, multiplicou seu consumo de proteína e gordura animal em decorrência dos intermináveis banquetes a que não conseguia furtar-se. Casou seis vezes e ainda regalava-se amiúde nos braços de meretrizes. Na terceira década da vida, foi acometido de gota. Quando morreu, aos cinquenta e cinco anos, sofria dos rins, do coração, de sífilis e de úlceras. Muitos concordam em afirmar que o problema real de Henrique VIII era mesmo o alimento.
Através da história os corpanzudos têm sido muito admirados. Os jovens de hoje, por meio de técnicas de modelagem do físico e alto consumo de proteína animal, tentam reproduzir um corpo forte e musculoso. Na verdade, este tipo de corpo é fraco, e especialmente suscetível a formas extremas e supurantes de infecção e febre alta. Trata-se, portanto, de um jogo extremamente perigoso. Não recomendo tais alimentos nem tais treinamentos. Num corpo saudável, os músculos devem estar relaxados quando também o estamos, e rijos quando deles precisamos.
Aquele corpo aparentemente hercúleo, capaz, em tempos remotos, de vencer grandes predadores, é ocultamente frágil perante predadores microscópicos.
Deveríamos mudar nossa imagem de um corpo forte, passando a concebê-lo como uma estrutura que jamais se deixa vencer por micro-organismos.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Cena Antológica de Os Sete Samurais

Mantendo o Espírito Crítico

Metamorfose 10
Publicação do Restaurante Metamorfose Alimentação Recondicionadora Autêntica
Rua Santa Luzia 405/207, Castelo, Rio de Janeiro. Tels.: 2262-6306 e 2532-0084
Edição, redação, revisão e tradução: Laercio de Vita

Mantendo o Espírito Crítico
                                                                                                                                   por Herman Aihara*

Em 18 de janeiro de 1960, Ohsawa discorreu sobre macrobiótica na Academia Budista de Nova York. A certa altura, lançou ele no quadro-negro, aleatoriamente, uma lista de grandes personagens com as respectivas datas de nascimento. Em seguida, explicou a relação entre as datas e as características de cada um, analisando a dieta das mães durante os nove meses de gravidez. Disse, entre outras coisas, que “no inverno (mais yin) a mãe ingere alimentos mais yang e o bebê torna-se mais yang física e psicologicamente. No verão (mais yang) a mãe ingere alimentos mais yin e o bebê torna-se mais yin.”
Publiquei esta palestra, incluindo a lista de grandes personagens, em nossa revista mensal Macrobiotic News. Reproduzi a lista exatamente como ele a escrevera na lousa. Ohsawa, para minha surpresa, repreendeu-me, alegando que o artigo não se apresentava ordenado.
Defendi-me, ponderando: “Mas transcrevi exatamente o que o senhor proferiu na palestra e registrou no quadro-negro!”
Ele replicou: “Você deveria sempre dar ordem ao caos. Não seja um mero imitador dos outros, sequer de mim próprio.”
Para Ohsawa, imitar os outros era típico de uma mentalidade escrava. Ele estimulava os discípulos a ter opiniões próprias e a manter o espírito crítico, mesmo em relação a seu pensamento, a suas ideias e explanações. Tal atitude produz o homem livre, e da liberdade nasce a felicidade.
*Fundador da George Ohsawa Macrobiotic Foundation e do Vega Study Center.

Mestre Tokuda (Alternativa Saúde)